3 poemas de Lorde Byron que amei
Desde pequena, nunca fui de gostar de poemas, ou eram muito melosos ou muito sem graça. Mas então eu cresci, descobri do Romantismo macabro e ai me apaixonei. Comecei a pesquisar alguns autores e li um livro do Álvares de Azevedo (Noite na Taverna) que adorei, a partir daí descobrir que o autor se inspirava nesse tal de Lorde Byron. Mas não foi só ai que esse nome apareceu para mim. Comecei a ler Frankstein e lá estava Lorde Byron novamente, sem ele a famosa história do morto-vivo jamais teria existido. Então um tempo atrás decidi ler alguns poemas dele e amei, simplesmente amei.
Um pouco sobre o tal Lorde
George Gordon Byron nasceu em Londres no dia 22 de janeiro de 1788. Se destacou como poeta romântico extremamente pessimista, especialmente crítico a tudo e todos. Sua fama não veio só das palavras, mas também pela vida que levava: era um boêmio, cheio de amantes, dívidas e até teve alegações de incesto. Morreu no dia 19 de abril de 1824, levado por uremia com febre reumática, quando estava lutando ao lado dos gregos contra a opressão turca na época.
Adeus
Adeus! E para sempre embora,
Que seja para nunca mais:
Sei teu rancor - mas contra ti
Não me rebelarei jamais.
Visses nu meu peito, onde a fronte
Tu descansavas mansamente
E te tomava um calmo sono
Que perderás completamente
Que cada fundo pensamento
No coração pudesses ver!
Que estava mal deixá-lo assim
Por fim virias a saber.
Louve-te o mundo por teu ato,
Sorria ele ante a ação feia:
Esse louvor deve ofender-te,
Pois funda-se na dor alheia.
Desfigurassem-me defeitos:
Mão não havia menos dura
Que a de quem antes me abraçava
Que me ferisse assim sem cura?
Não te iludas contudo: o amor
Pode afundar-se devagar
Porém não pode corações
Um golpe súbito apartar.
O teu retém a sua vida,
E o meu, também, bata sangrando
E a eterna ideia que me aflige
É que nos vermos não tem quando.
Digo palavras de tristeza
Maior que os mortos lastimar
Hão de as manhãs, pois viveremos,
De um leito viúvo despertar.
E ao achares consolo, quando
A nossa filha balbuciar,
Ensiná-la-ás a dizer "Pai",
Se o meu desvelo vai faltar?
Quando as mãozinhas te apertarem
E ela teu lábio -houver beijado,
Pensa em mim, que te bendirei
Teu amor ter-me-ia abençoado.
Se parecerem os seus traços
Com os de quem podes não mais ver,
Teu coração pulsará suave,
E fiel a mim há de tremer.
Talvez conheças minhas faltas,
Minha loucura ninguém sabe;
Minha esperança, aonde tu vás,
Murcha, mas vai, que ela em ti cabe.
Abalou-se o que sinto; o orgulho,
Que o mundo não pôde curvar,
Curvou-se a ti: se a abandonaste,
Minha alma vejo-a a me deixar.
Tudo acabou - é vão falar -,
Mais vão ainda o que eu disser;
Mas forçam rumo os pensamentos
Que não podemos empecer.
Adeus! assim de ti afastado,
Cada laço estreito a perder,
O coração só e murcho e seco,
Mais que isto mal posso morrer.
A Inês
Não me sorrias à sombria fronte, Ai! sorrir eu não posso novamente: Que o céu afaste o que tu chorarias E em vão talvez chorasses, tão somente. E perguntas que dor trago secreta, A roer minha alegria e juventude? E em vão procuras conhecer-me a angústia Que nem tu tornarias menos rude? Não é o amor, não é nem mesmo o ódio, Nem de baixa ambição honras perdidas, Que me fazem opor-me ao meu estado E evadir-me das coisas mais queridas. De tudo o que eu encontro, escuto, ou vejo, É esse tédio que deriva, e quanto! Não, a Beleza não me dá prazer, Teus olhos para mim mal têm encanto. Esta tristeza imóvel e sem fim É a do judeu errante e fabuloso Que não verá além da sepultura E em vida não terá nenhum repouso. Que exilado - de si pode fugir? Mesmo nas zonas mais e mais distantes, Sempre me caça a praga da existência, O Pensamento, que é um demônio, antes. Mas os outros parecem transportar-se De prazer e, o que eu deixo, apreciar; Possam sempre sonhar com esses arroubos E como acordo nunca despertar! Por muitos climas o meu fado é ir-me, Ir-se com um recordar amaldiçoado; Meu consolo é saber que ocorra embora O que ocorrer, o pior já me foi dado. Qual foi esse pior? Não me perguntes, Não pesquises por que é que consterno! Sorri! não sofras risco em desvendar O coração de um homem: dentro é o Inferno. Estâncias para MúsicaAlegria não há que o mundo dê, como a que tira. Quando, do pensamento de antes, a paixão expira Na triste decadência do sentir; Não é na jovem face apenas o rubor Que esmaia rápido, porém do pensamento a flor Vai-se antes de que a própria juventude possa ir. Alguns cuja alma bóia no naufrágio da ventura Aos escolhos da culpa ou mar do excesso são levados; O ímã da rota foi-se, ou só e em vão aponta a obscura Praia que nunca atingirão os panos lacerados. Então, frio mortal da alma, como a noite desce; Não sente ela a dor de outrem, nem a sua ousa sonhar; toda a fonte do pranto, o frio a veio enregelar; Brilham ainda os olhos: é o gelo que aparece. Dos lábios flua o espírito, e a alegria o peito invada, Na meia-noite já sem esperança de repouso: É como na hera em torno de uma torre já arruinada, Verde por fora, e fresca, mas por baixo cinza anoso. Pudesse eu me sentir ou ser como em horas passadas, Ou como outrora sobre cenas idas chorar tanto; Parecem doces no deserto as fontes, se salgadas: No ermo da vida assim seria para mim o pranto |
Espero que tenham gostado!
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